domingo, 24 de maio de 2009

As faces das marés das mudanças da Lua.

Eu sou como o mar, vario as marés consoante as luas. Eu, que
costumo estar (ou parecer) alegre, posso mudar de um momento
para o outro, para uma pessoa mais triste.

Mas o que se passa?
Por que que estou tão frequentemente (ou ao menos, mais
frequente do que aquilo que se havia de esperar) triste?

Não sei. às vezes, gosto de revisitar o meu passado recente,
os meus últimos anos de vida no Brasil, e penso: "Nossa, eu
desperdicei aqueles anos da minha vida, com aquelas pessoas.
Se calhar se eu tivesse aproveitado, eu teria sido mais feliz,
talvez eu HOJE fosse mais feliz".

De momento, eu sinto um aperto no peito. Estive a revisitar hoje,
junto de uma amiga da minha antiga turma, momentos e pessoas.
Gostava que tivesse aproveitado aquele tempo. É tão triste para
mim, não ter o que dizer quando me perguntam "então, o que fazias
no Brasil?", "Como é lá com as raparigas?" e etc.
Sinto-me impotente, mais impotente do que costumo me sentir.

Nossa, hoje desci mesmo fundo. Tão fundo, como alguns de vocês
não estão habituados a ouvir de mim. Aliás, a senhora Lógica ordena
que eu não publique esta postagem. Mas o Doutor Sentimento, e o
Professor Alívio insistem que eu o faça. Afinal, neste momento é o
que me resta. Escrever, e (com)partilhar com meus amigos
imaginários, quais moscas, que por aqui andam, estes sofrimentos,
estas dores.
Aliás, a própria brincadeira das moscas e amigos imaginários, é um
descrédito na minha própria pessoa. E por falar em Pessoa, sinto-me
como Campos. Não por saudades da infância que tive, mas por
saudades da infância que não tive.

Escrevo e sem medo. Sem muita lógica. Mentira. Até a coesão é
maior que a de costume. Talvez por conta da seriedade do tema,
talvez só para que possa parecer mais velho, mais sábio, e mais
entendido sobre o assunto.

Escrevo, e relaxo-me ao fazê-lo. A pressão no peito esquerdo alivia
pouco a pouco a cada tecla que carrego, a cada palavra que escrevo,
a cada frase que termino.

No fundo, acho que apenas o faço porque sei que não vos
incomodará. Ou melhor, incomodará aqueles a que deve
incomodar, e não mais.

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