sexta-feira, 25 de maio de 2012

Feliz Aniversário, Senhor Vasco.

São os anos do teu avô outra vez. Deu-se a volta completa, e apesar dos desejos e das promessas, já não mais estamos no mesmo banco de praça, ou sequer um ao lado do outro. Um imenso abismo separa-nos, no mental. No físico, uma larga gota d'água (salgada como o suor da minha pele e as lágrimas dos meus olhos), ampliam esta já infinita distância que nos separa. Já te imagino a ler isto, a pensar em como sou louco e doente, em não conseguir seguir em frente. Tens razão, talvez já não possua cura. É-me impossível passar um dia sem por meus olhos mentais sobre a tua silhueta. Para onde olhe, algo ou alguém grita sempre pelo teu nome, e eu, com toda esta distância, não consigo senão doer. Cantáramos (num passado tão distante que parece-me poético), em uníssono. E num uníssono tão perfeito, como apenas uma pessoa com duas vozes seria capaz de o fazer. Tenho saudades de sentir a tua pele na minha, as nossas mentes em comunhão (ainda que, por vezes, contrárias), as tuas conquistas como felicidades minhas e as tuas dores como minhas derrotas. Tenho saudades de estar deitado com dores e abraçar-me a ti, sabendo que tudo passaria e que a pena trazia consigo um grande prémio. Mas não mais. A pena parece-me, cada vez mais, já não ter qualquer sentido, e as dores já não parecem ter um fim palpável. Conheço-te (cada vez menos, é também verdade. A distância faz disto às pessoas), e sei que estás revoltada por ter-me a falar (outra vez mais, qual incansável cabrão) nisto. Invejo-te, posto que te atinge a dor, apenas quando me lês; ao passo que, a mim, espetam-me frequente e constantemente. À pequena Capitolina Lisboeta, radicada no Tramagal, Daquele que ainda (e sempre há de) te ama(r), Rodrigo Alencar.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

4.

Oiço-te a cantar, e não há milímetro dentro de mim que não se revire de dor e saudades. Quase quatro meses; e no entanto, parece-me que foi ontem. Congelaram-se-me os dias desde que te foste, e interminável é o meu inverno.