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Acabou-me a folha. Agora, escrevo num talão de multibanco. Tento encolher a letra, para fazê-lo render. Letra pequena? Nem parece meu, mas das necessidades saem inventos. Se bem que não se pode chamar pequeno a isto.
Mente vazia, oficina do diabo. Há tantas coisas que gostava de fazer e não consigo.
Mas acho que a vida é mesmo isso. A arte do conciliar tudo que gostamos e gostaríamos de fazer, com aquilo que TEMOS que fazer.
--- verso ---
às vezes, de tempos em tempos, gosto de atravessar, à noite, a estação de Carcavelos pela linha. Neste momento, parei ao pé de um poste, e escrevo isto encostado a uma árvore. E sabe-se lá como, arranjei espaço no talão para continuar a escrever.
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