quarta-feira, 16 de junho de 2010

Deambulações. [1]

É impressionante como a criatividade não tem sítio nem hora para aparecer. Neste momento, encontro-me no comboio, com um bocado de papel que achei na carteira (vivera a função de lista de compras hoje mais cedo), com uma caneta que desviei, na semana passada (da sala da tuna), que havia deixado na mala do Aikido, e encontro-me também, cheio de vontade de escrever, sem pensar em nada, nem ninguém, em concreto (neste momento [ou melhor, há bocado, quando escrevi o que já havia pensado, e pensava em novas coisas para escrever], penso em duas ou três pessoas).

Tenho o papel à mão, a mão e a coxa, esquerdas, fazem de suporte.

Oiço Coltrane(ou melhor, ouvia. Estou com Geirinhas no repeat agora) e espero que o comboio arranque. Foda-se! O pensado é algo tão rápido! Tão rápido, que há havia arrancado o comboio, e eu ainda nem havia escrito que estava a espera.

Passo a folha para a perna direita.

Ouvi-la a cantar, inspira-me. Faz-me querer gravar mais declamações. Talvez amanhã grave mais um ou dois Campos.

Esta gravação tem um ruído de fundo constante, que apesar de chato é muito charmoso.

Nossa, estou a ficar sem papel. Daqui a pouco escrevo em lenços.

Agora parei de escrever. Sobra-me tão pouco espaço na folha, que acho que quero que ele dure para sempre. Mas qual o sentido em preservar o papel para poder escrever, se nunca vir a escrever algo lá? Esperar pelo momento perfeito? E eu saberei distingui-lo quando chegar? E se o momento perfeito for este? Estou a escrever porque me apetece, e não por julgar ser o momento perfeito. Se for, tanto melhor. Se não o for, azar. Soube bem à mesma.


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