sexta-feira, 18 de maio de 2012

4.

Oiço-te a cantar, e não há milímetro dentro de mim que não se revire de dor e saudades. Quase quatro meses; e no entanto, parece-me que foi ontem. Congelaram-se-me os dias desde que te foste, e interminável é o meu inverno.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Still you.

I don't care how many times you get the punchline wrong. You'll always be funny.

domingo, 1 de abril de 2012

Homesick

Largo da Carioca, sexta-feira 19H. As pessoas preparam-se, com grande alívio, para irem para casa. Já não se encontra no seu pico o 'rush', e eu exclamo: "Casa! olha-me este movimento! Tanta gente na rua, que prédios altos!". Volto a olhar, com algum fascínio, para cima. Nunca Lisboa sonharia em ter prédios tão altos. Até sinto-me bem por aqui, isto é mesmo maravilhoso.

Fito o cigarro, ou aquilo que se lhe sobra, a voar dos meus dedos.

Não importa o quão belo seja, isto não é Lisboa, e não estou em Portugal.

sábado, 10 de março de 2012

Carta a Nuno Markl

Hoje à tarde, vinha eu do Pingo Doce da Parede, tinha ido às compras para a casa. No caminho de volta, vinha por ruas que não conhecia (mudei-me para esta casa na passada segunda –feira, ainda não estou habituado aos caminhos entre ela e o centro da Parede), quando de repente, dou por mim diante de um dos meus maiores ídolos (arrisco a dizer, o meu maior ídolo português), a entrar em sua casa. Já há uns dias andava a dizer que tinha de descobrir onde é que o Nuno Markl morava, mas ainda não o tinha feito. E ali estava eu, por acidente, diante dele. Chamei-o, tratei por Nuno, a intimidade unilateral partilhada por nós, fazia-me com que me sentisse no direito de o fazer. Com algum ar de embaraço (devo supor que nunca se tenha, de facto, habituado à ideia de ser famoso), e talvez algum medo (compreendo que os meus 1,85 e meu habitual chapéu negro possam parecer assustadores numa primeira abordagem), foi de forma muito pronta que recebeu o meu chamado e estendeu-me a mão. Parabenizei-lhe pelo trabalho, e pelo merecido prémio (de melhor autor do passado ano). Para fazer conversa, disse-me logo que ainda não havia recebido, ao que exclamei: “malditos.”. O meu estado era de êxtase, encontrava-me incapaz de processar qualquer linha racional com mais de três palavras, e que fizesse qualquer tipo de sentido no momento. Muito teria eu para dizer mas, como é óbvio, não sou o centro da vida de ninguém senão da minha. Pobre homem, estava a chegar à casa, junto do filho e da mulher, deveria querer descansar. Disse-lhe logo que não queria tirar-lhe mais tempo ao fim-de-semana, reiterei os parabéns pelo trabalho feito, e segui, ainda em êxtase, para casa. Depois que comecei a retornar à realidade, resolvi questionar-me: O que raios passa-se? Por que parecia eu, um ser emotivo-racional, com uma groupie ao encontrar meu ídolo? Parece-me demasiado estranho, mas a olhar para trás, faz-me todo o sentido. Há certas relações que são unilaterais. Por razões óbvias, não comunico com o Markl ao ouvir os seus ‘cromos’ ou ‘primos’, mas ele comunica comigo. E já muitas foram as horas que passei ao lado dele. É como um grande amigo, que está sempre a ajudar-nos, seja a fazer-nos rir por estarmos bem, seja a fazer-nos rir por estarmos a chorar, que sequer saiba aquilo que está a fazer, mas ele sempre esteve lá. Muitas foram as solitárias horas que passei a ouvir ‘cromos’ ou ‘primos’, que se me fizeram brotar sorrisos na minha cara. Uma vez, vinha no comboio a gargalhar tanto a ouvir um cromo, que dali a pouco, toda a carruagem estava a rir-se da minha gargalhada e comigo. Altamente contagiante! Até, às custas do senhor Markl, adoptámos eu e meus amigos de faculdade o grito de guerra “Aquela Máquina!”, baseado nas velhas publicidades da Regisconta, com as quais travámos contacto via ‘Caderneta’. É inevitável, a minha vida encontra-se altamente contaminada por ideias tuas, e pelo teu trabalho. E é isto que explica todo o meu embaraço e falta de jeito para falar, só de te ver à minha frente.

Obrigado por tudo que fizeste por mim e pelos meus.
Rodrigo Alencar,
10/03/2012

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Tu Reis, Eu Campos.

As nossas semelhanças, que eram tantas, começaram a mostrar-se mais reduzidas. Eu comemorava, éramos diferentes, e isto fazia com que completássemos-nos mutuamente. Mas gostavas de Reis, e eu de Campos. Mostravas-te extremamente reticente quanto a estas diferenças, mas eu abraçava-las. Afinal, tu gostas de Reis e eu de Campos. Um dia, acabaste comigo. Dizias que continuavas a gostar de mim, mas não era aquilo que esperavas. E por mais que o repetisses com a maior das naturalidades, continuava a não me fazer sentido. Se amamos-nos, por que cessar? Mas gostas de Reis, e eu de Campos. Quase dois meses passaram, e eu continuo a amar-te como se nada tivesse acontecido. Tu dizes-me que também amas-me, e que ainda gostas muito de mim. Mas que não consegues ver-nos juntos outra vez. E sentido não me continua a fazer, mas por amar-te, respeito a tua decisão. Afinal, gostas de Reis e eu de Campos...

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Para que?

Quando consigo colocar a sentimentalidade em segundo plano e racionalizar, vejo que ao perder-te, mais ainda do que perder-te a ti, eu perdi uma esperança, um objectivo claro. Quando estávamos juntos, eu aguentava as coisas mais complicadas a pensar "tudo por ela. ela faz com que esta pena seja válida". No entanto, desde que te foste, este desejo extinguiu-se. Agora, há certas coisas que não fazem sentido serem ultrapassadas. Não há nada do lado de lá, que faça realmente valer a pena. Eu tento pensar que sou eu que faço valer a pena, e que é pelo bem do meu futuro. Mas não me parece suficiente. É como se eu me aceitasse como causa perdida, e por isso, não me preocupasse em tentar consertá-la. Talvez seja esse o meu caso, talvez seja, de facto, uma causa perdida.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Sim ou não?

Por vezes, pergunto-me se ainda vens cá. Lembro de me o dizeres, que todos os dias cá vinhas, qual ritual sagrado. Pergunto-me, e transtorno-me. Pois se dizes que 'não', penso: "já perdeu assim tanto o interesse em mim? terá sido aquilo tudo apenas farsa?"'; por outro lado, se é um 'sim' a tua resposta, penso: "se ainda assim mantens o teu interesse em mim, como podemos estar assim tão distantes, e continuar a sentirmos-nos bem?".


E, com este paradoxo, transtorno-me ainda mais. até que deixe de pensar nisto. durante alguns segundos, e volte outra vês a fazê-lo.