quinta-feira, 2 de junho de 2011

Vem, Lídia.

Enlacemos uma vez mais as mãos, Lídia.
Porque passar como um rio (e é isso que se espera da vida)
e não trazer connosco senão a água que nós somos,
é como simplesmente não ter passado.

Amemos-nos intensamente. Juntos, um do outro,
com palavras, e carícias, e beijos, e abraços.
Pois, apesar de nobre, o querer não supera - nem atinge -
a grandiosidade do fazer.

Colhamos flores. Olha, toma. Pega nestas, e põe-nas
no colo. E mais uma em teu cabelo, para que este cheiro
intensifique este momento, em que cremos em tudo.
Pagãos conscientes da (e coniventes com a) decadência.

Ao menos, se eu for sombra antes de ti, que as tuas
lembranças sejam boas, ou más. Mas que sejam lembranças,
e que te invoquem sentimentos, por tanto nos termos amado.
Mais que crianças no agir, e menos no pensar.

E se antes do que eu levares o óbolo ao Barqueiro Sombrio,
Muito sofra eu, pelo tempo que passámos, e pelas saudades
que terei de ti. Ser-me-ás intensa, e inconstante.
Doce Pagã nua. Meu complemento.





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